A vida de Santiago
Tiago (Jacobus, Iago, Jacques) foi um dos primeiros seguidores de Jesus Cristo. «Caminhando ao longo do mar da Galileia (…) [Jesus] viu outros dois irmãos: Tiago e seu irmão João [Evangelista], os quais, com seu pai Zebedeu, compunham as redes dentro do barco. Chamou-os, e eles, deixando no mesmo instante o barco e o pai seguiram-n’O.»
(S. Mateus, 4, 18)
Depois da crucificação de Jesus, Tiago continuou a divulgar a palavra do seu Mestre e numa das suas viagens chegou à Galiza onde pregou durante alguns anos, ainda que sem grande sucesso.
De regresso a Jerusalém, em 44 d.C., Santiago foi mandado prender por Herodes Agripa, por idolatria, e condenado a morrer decapitado.
O corpo de Tiago foi lançado às feras mas dois dos seus discípulos – Atanásio e Teodoro – anteciparam-se, recolheram-no e, de barco, viajaram em direcção à Galiza com o intuito de aí o enterrarem. Conta a lenda que o pequeno barco não tinha leme nem velas mas que seguiu o seu rumo guiado por um anjo.
A recepção na Galiza não foi calorosa. Quem governava era a rainha Lupa, que só concordou em acolher os restos de Santiago após a superação de uma prova: Atanásio e Teodoro tinham que matar o dragão e trazer os touros bravos que viviam em Pico Sacro.
Eles conseguiram e, perante tal façanha, a rainha Lupa converteu-se ao cristianismo e deixou-os sepultar o apóstolo num lugar chamado Libredón. Aí foi erguida uma pequena capela e sob o altar ficaram as relíquias de Santiago.
Durante séculos o túmulo esteve abandonado até que um dia, no início do século IX, o eremita Pelayo foi testemunha de uma revelação divina e descobriu o sepulcro do apóstolo em Campus Stellae, actual Santiago de Compostela. Os rumores desta descoberta chegaram até ao bispo de Iria Flavia, Teodomiro, que se tornou no grande responsável pelo inventio, a difusão no mundo cristão da descoberta do sepulcro de Santiago. A crença de Teodomiro era tanta que originou a intervenção do rei Afonso II, o Casto, que mandou edificar um templo em homenagem ao apóstolo.
A peregrinação a Santiago impulsionou o desenvolvimento de uma rede de caminhos a que se associou a construção de infra-estruturas básicas: hospitais, albergues, hospedarias. Durante a Idade Média, o Caminho de Santiago gerou grande diversidade de actividades e intercâmbio. Nas localidades por onde passava, os mercados eram famosos, autênticos palcos de troca entre produtos locais e de outras terras. Porém, com as Guerras Religiosas o Caminho quase caiu no esquecimento. Foi no último quartel do século passado que se redescobriu o Caminho de Santiago.
Este ano, ano Jacobeu, são esperados cerca de 300.000 peregrinos.
É obra!
(in Revista ITINERANTE n.º 3)
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